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Suicídio fingido II

Durmo e não durmo  Vejo e vejo escuro. Sinto ou dessinto-me É mais vazio e desfasamento de mim própria como areia a deslizar entre dedos finos da cachopa que já fui e muitas das vezes já esquecida. Gostava como criança perceber donde vem. Para que possa corrigir esta errata  que faz de mim pessoa. Esta noite sonhei com gatinhos mortos a decompor-se num jardim arranjado. Noutra parte o cão que sempre quis e um momento, a realidade dá um estalo ao meu cérebro  Noto-lhe na parte traseira da sua perna  que lhe falta o lombo, cortado de fresco. Eu queixei, gritei, implorei ajuda.  Mas somente acordei no meu proprio vomito E foi difícil voltar adormecer. E é verdade. Durmo de mais ou não durmo de todo. Na minha cabeça consigo fazer tudo mas o meu corpo recusa-se. Sendo assim deixo-me vencer. Deixo andar. Planeio o meu funeral. Os details. Não o meu caixão mas como deixar o meu mealheiro a quem de bem tenho no meu peito. Faço notas e listas de cabeça para mais t
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Suicídio fingido I

A verdade é que o pensamento de fechar os meus olhos para o nunca mais Tornou-se numa doce obsessão Compulsiva É claro que após esses segundo iluminou-se toda a logística. Como fazer para não responsabilizar o corpo morto encontrado na banheira de pulso aberto, Ou sera a boca babada envenenamento de medicação prescrita. Os ruídos de tais pensamentos dão comigo em doida e qualquer tarefa minimalista assemelha-se  as olimpiadas. Existe ainda a crença que naquele fim de dia devia ter partido sem deixar rasto Sem deixar "mas porquê?" e os demais lamentos. MAs a ideia de limpar toda esta dor é tão tentadora como doce. Limpar-me do corpo e da pele. Da idade e da face. Será parvoíce dizer que esta fantasia não anula o facto sem demasia de querer novamente ser parte da multidão e voltar a rir sem demasia nem razão.

Onde está o interruptor?

Desliga se faz favor. Não é a luz nem o aquecedor. Só desliga se faz favor. Sei quem sou, mas nao sei o que quero. O que me faria feliz. Onde quero o meu corpo estar Não sei onde é minha casa, onde posso chamar lar. Eu perdi tudo, e não sei quando. É repetitivo e aborrecido. Por isso por favor desliga tudo, Porque não sei onde está o interruptor.

Demais

As vezes sinto-me e não me sinto As vezes acho que me sinto de mais. Como se as minhas próprias palavras me fossem proibidas, só por pensar demais. Não se passa na minha mente nem na alma reclusa, somente no peito algo grande e preso numa cavidade que não é do seu tamanho. Talvez seja eu que não sou eu. Doi-me constantemente sem ser fisicamente. Às vezes são palavras a mais. Ideias a mais. Sonhos a mais. Tudo demais. Tenho saudades dos anos em nada fazia mas tudo podia. Fiquei meramente com anos por viver e grandes hipóteses de tudo perder. Tento-me calar. Ser mais eu e menos em demasia Eu oiço cada palavra. Cada corte na pele, no tecido, na veia. As vezes acho-me forte e sabida. Outras sinto-me mais pequena que criança e de novo em castigo Não quero estar no meu canto. Não quero estar sozinha. Mas não é irônico quando a mim eu sou a melhor companhia? Levo a minha mente, a alma guardada em solidão no peito apertado perto dos pulmões desgastad

18/100 – Soneto

Dedicado a João Horta, ps: as flores não se comem.. De dia nem existem assobios Rua quieta com gente inexistente Entre uma esquina e avenida sente-se diferente Ligeiramente nitroglicerina, sem boca, sem olhos Seu nome não está escrito em parte alguma O corpo, este, desencaixa-se dos hábitos É um autocolante da cidade dos danificados Talvez pertença aonde o seu regaço não se consuma É turista na terra de ninguém É dama-viagem, Dama-sem-vintém Dama de romance, do poema mas Dama sem miséria Sua vontade de faminta, é outra E se ela cola-se nos teus braços agora É porque também não a mandaste embora.

17/100

Recordas-te da primeira palavra, palavra que ouviste?Do primeiro sabor, o sabor que sentiste?Da última expressão que usaste? A expressão, as rugas que engelhaste? E no entanto, lembraste de muitas coisas no meio. Do meio de muitas coisas. Daquele vestido que viste, do beijo que provocaste, aquele momento, do além lugar, onde estiveste e do pouco fizeste? Do meio. O meio parece ser importante. Sublinhaste. Marcaste. Parece ser o lugar e acção onde te encontraste com mais frequência. Faz sentido. O meio… Diz-se: «No meio está a virtude.» Porque a primeira vez nunca é tão especial quanto à expectativa e o último desejamos que não tivesse acontecido…, amargo o final, não é? Ou triste. Vazio provavelmente. No meio faz sentido. No meio não pensamos quando começa nem quando será o derradeiro ponto final. O meio. O termo. A palavra. No meio está o esquecimento. Da primeira palavra e da última que não tardará. Talvez no meio esteja a real felicidade. Conformismo.