Avançar para o conteúdo principal

Apartamento

Teu contacto sem peruca nem truque
Sem silicone nem outros afins
Apartamento da frase, da palavra, da letra
Apartamento de presença da cachaça cerebral
Do ópio, do ócio, da óbice no paleio
De imprecisão ou não

[Dás-me um cigarro dos teus?]
Sem cacha, manha ou trama
Estar aqui somente ao degelo
de nada dizer, fazer
somente com comer teu estar cá
e beber outra garrafa de ‘gin’ delinquente

[E lume já agora…]
Sentir, ser e depois coser
O mundo em retalhos
na epiderme descalça dos pés ermíssimos

Fumar num bafo teu hálito
Colando a boca no silêncio e no omisso
Moscando-se o apartamento no delito.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A mão paleta

Não entristeças esse olhar manhoso de crocodilo velho Estou ocupada a limpar as manchas de: Azul-lilás, verde-azul limão com grenã e outra da minha mão paleta. E, assim, sou feliz Com cheiro a àgua rás.

18/100 – Soneto

Dedicado a João Horta, ps: as flores não se comem.. De dia nem existem assobios Rua quieta com gente inexistente Entre uma esquina e avenida sente-se diferente Ligeiramente nitroglicerina, sem boca, sem olhos Seu nome não está escrito em parte alguma O corpo, este, desencaixa-se dos hábitos É um autocolante da cidade dos danificados Talvez pertença aonde o seu regaço não se consuma É turista na terra de ninguém É dama-viagem, Dama-sem-vintém Dama de romance, do poema mas Dama sem miséria Sua vontade de faminta, é outra E se ela cola-se nos teus braços agora É porque também não a mandaste embora.

Or

Não te cobiço mais do que aquilo que te posso querer Não aguardo confiscar jamais esse teu burocrático desprezo Por isso, seja eu o que for não desejas: A pele esfolada, as carnes arrancadas por venerada dor Ou cor hemoglobina despejada de umas veias fracas que circulam neste cadáver ou melhor: neste esqueleto que segreda o teu amor.