bloco de esboços

troca-me as voltas com o teu joelho bate-me na palavra e não no peito acaricia minha face com veemência pois sou frágil e inquebrável - só sou porcelana, mistura chumbo e outro dejecto e sou dissoluvel na lágrima e na terra - objecto nua, na tua boca que cativa cada desmanche do meu dia/magia

Escrevi em toda a cidade o nome de cada dedo que te tocou na ansiedade dos teus olhares parti janelas e muros para que jamais te voltassem a esconder Cosi a boca e as pestanas para que nada soubesse do brilho que paira em mim dentro de canal canal por onde sussuraste, como um vento ligeiro e eu/tu.

um poema em segredo esquiva-se p'la janela acolhe-se no t'colo rouba-te o cabelo e jamais volta ... teu poema (que er'teu)

faz de conta, (toca-e-foge, és tu apanhar!) faz de conta que usas uma cartola na ponta do nariz que os pés são peixes dentro do aquário dos teus dias que preferes a noite ao segredo da luz tola de uma vela baça com a TV ligada aos teus olhos cegos faz de conta. esquece e escreve na gaveta do meu tornezelo onde grandes equações e possibilidade ... esquece e escreve, faz de conta (toca-e-foge, és tu apanhar!)

Um poema tenho escondido Entre os dedos, outro debaixo do seio ou na ponta do mamilo - Um romance quase ou mais longo que a cana do meu nariz e mais mil livros na cova do ouvido Tantas partituras e formas com remela n'olho Cada qual arrumado na minha carne...

O Crime dos meus Dedos da Mão ao Cotevelo do Ombro ao Seio preso em cativeiro até à raiz do m'Cabelo sem sequer haver segredo

Ao levantar d'manhã Bem cedo do galo cantar, De acordar... Enjoa-se o estômago com resto d'amor azedo

Há preto no teu olhar Um deus Menor ladrão Rouba a manhã adormecida fechada na noite anterior d'amanhã Hã um pigmento de odor que nunca ouvi, vi desse deus Menor cantor Brinca com sol/lua e todo o resto do teu mundo Que é que ele faz? Esse deus Menor Brincalhão? Esse botão escuro no branco do olho que nao ouve, vê nem a mim e nem a este minúsculo perdido coração