Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de outubro, 2007
#1 Não sabe quando vai parar. Nem sabe se vai. Porque é que quere que isto pare? Para que é que quer reestruturar-se? Para que serve? Dói . A dor não lhe é agradável. Quer que passe rápido. Já . Quer sentir-se ligeira, segura. Confiante. Quando é que ganhou e quando é que perdeu? Medo : será que alguma vez a teve? A confiança? Ela tem que olhar em frente. Reconstruir tudo desde a base. Não pode responder levianamente, só para despachar. O exercício pergunta/resposta incomoda-a. Maiêutica . Quem é ela? Ela é ela. É básico. Tem um nome porque alguém o escolheu para ela. O nome não lhe desagrada. É fora do usual. Lança alguns olhares sobre ela. Mas ela não gosta disso. Não gosta de ser o centro das atenções. Então porque que é que gosta do nome dela? E porque é que não gosta de ser o centro das atenções? Porque se sente desconfortável. Sente-se julgada. E assim fica nervosa, com tendência para cair no ridículo. Simplesmente porque se sente obrigada a falar. Ela não gosta de falar. A menos
16h34 e 15segundos , a p e r s o n a g e m ainda se encontra no corredor vazio. Olha para a esquerda, depois para à direita. Não há viva a l m a que apareça ou desapareça . Deixa-se escorregar, encostada com as costas no muro, fazendo com que a borracha da sola dos ténis chiam no chão , lentamente, até bater com o traseiro. “ – Não posso ficar aqui e t e r n a m e n t e .”; pensa. Mas para onde ir? Lisboa àquela hora era aborrecida. Sem m o v i m e n t o . Sem história. Dói-lhe a barriga. Sente um escasso líquido quente a molhar-lhe a roupa interior. Tapa a cara com ambas as mãos e apercebe-se, mesmo sem procurar, que, não tinha um único tampão perdido algures na mala. Então deixa-se, s i m p l e s m e n t e , ficar. Ali. Imaginando uma mancha escarlate expandindo-se entre as suas fracas e magras pernas.
Gosto de histórias que começam na c a m a . De lençóis desarrumados com d o i s corpos opostos desnudados de pudor e cobertos de suor e saliva . Gosto de ver os membros flácidos e relaxados, abandonados à satisfação da r e s p i r a ç ã o assimétrica. Ver a inércia do olhar para o nada, enquanto que instantes antes, estavam eles a decorar toda a n a t o m i a , ciência e biologia da estrutura molecular que os compunha em cheiro, textura e outros sentidos. Gosto do simples depois, e mais ainda: do antes. Imagina-los no corredor. Brincarem com a resistência das paredes , andarem no tropeço com passos cheios de ansiedades e finalmente, ouvir o titilar das chaves contra a f e c h a d u r a . Gosto quando ele olha para ela, mesmo que não esteja a olhar. Na verdade, está fixo a olhar para o tecto e fuma o cigarro em câmera lenta . Finalmente, ela vira-se para ele. Encosta o seu c o r p o ao dele. Ele roça o nariz contra o dela. E agora, sim, olha para dentro do olho dela. Queria fala