Recordas-te da primeira palavra, palavra que ouviste?Do primeiro sabor, o sabor que sentiste?Da última expressão que usaste? A expressão, as rugas que engelhaste? E no entanto, lembraste de muitas coisas no meio. Do meio de muitas coisas. Daquele vestido que viste, do beijo que provocaste, aquele momento, do além lugar, onde estiveste e do pouco fizeste? Do meio. O meio parece ser importante. Sublinhaste. Marcaste. Parece ser o lugar e acção onde te encontraste com mais frequência. Faz sentido. O meio… Diz-se: «No meio está a virtude.» Porque a primeira vez nunca é tão especial quanto à expectativa e o último desejamos que não tivesse acontecido…, amargo o final, não é? Ou triste. Vazio provavelmente. No meio faz sentido. No meio não pensamos quando começa nem quando será o derradeiro ponto final. O meio. O termo. A palavra. No meio está o esquecimento. Da primeira palavra e da última que não tardará. Talvez no meio esteja a real felicidade. Conformismo.
Durmo e não durmo Vejo e vejo escuro. Sinto ou dessinto-me É mais vazio e desfasamento de mim própria como areia a deslizar entre dedos finos da cachopa que já fui e muitas das vezes já esquecida. Gostava como criança perceber donde vem. Para que possa corrigir esta errata que faz de mim pessoa. Esta noite sonhei com gatinhos mortos a decompor-se num jardim arranjado. Noutra parte o cão que sempre quis e um momento, a realidade dá um estalo ao meu cérebro Noto-lhe na parte traseira da sua perna que lhe falta o lombo, cortado de fresco. Eu queixei, gritei, implorei ajuda. Mas somente acordei no meu proprio vomito E foi difícil voltar adormecer. E é verdade. Durmo de mais ou não durmo de todo. Na minha cabeça consigo fazer tudo mas o meu corpo recusa-se. Sendo assim deixo-me vencer. Deixo andar. Planeio o meu funeral. Os details. Não o meu caixão mas como deixar o meu mealheiro a quem de bem tenho no meu peito. Faço notas e list...
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