Avançar para o conteúdo principal

1/100


Sou eterna terra seca de Inverno, a terra/areia laranja a fugir para o castanho onde cada pedaço de flora deposita os seus restos mortais para me esconder. E se quando outra estação inovar e meus membros não enferrujar talvez tenha força de abrir a boca e dizer: amor.
Sei que as minhas mãos são feias e o seu toque é pueril. Brinco com barro e parto pratos de porcelana. Sei que não sei andar, nem tão pouco encaixa a minha casca nos teus braços. A minha alma é farpada e gatinho até ao ninho porque não sei saber se diante ti, belo amigo, se os meus olhos por vezes ausentes enterram a minha boca de te dizer cada rotação do meu coração porque não sei saber que se reinvento cada noite contigo. E se ao contar os meus segredos contidos, não sei saber se te mato de tanto amor ou de um simples susto.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A mão paleta

Não entristeças esse olhar manhoso de crocodilo velho Estou ocupada a limpar as manchas de: Azul-lilás, verde-azul limão com grenã e outra da minha mão paleta. E, assim, sou feliz Com cheiro a àgua rás.

18/100 – Soneto

Dedicado a João Horta, ps: as flores não se comem.. De dia nem existem assobios Rua quieta com gente inexistente Entre uma esquina e avenida sente-se diferente Ligeiramente nitroglicerina, sem boca, sem olhos Seu nome não está escrito em parte alguma O corpo, este, desencaixa-se dos hábitos É um autocolante da cidade dos danificados Talvez pertença aonde o seu regaço não se consuma É turista na terra de ninguém É dama-viagem, Dama-sem-vintém Dama de romance, do poema mas Dama sem miséria Sua vontade de faminta, é outra E se ela cola-se nos teus braços agora É porque também não a mandaste embora.

Or

Não te cobiço mais do que aquilo que te posso querer Não aguardo confiscar jamais esse teu burocrático desprezo Por isso, seja eu o que for não desejas: A pele esfolada, as carnes arrancadas por venerada dor Ou cor hemoglobina despejada de umas veias fracas que circulam neste cadáver ou melhor: neste esqueleto que segreda o teu amor.