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Sou eterna terra seca de Inverno, a terra/areia laranja a fugir para o castanho onde cada pedaço de flora deposita os seus restos mortais para me esconder. E se quando outra estação inovar e meus membros não enferrujar talvez tenha força de abrir a boca e dizer: amor.
Sei que as minhas mãos são feias e o seu toque é pueril. Brinco com barro e parto pratos de porcelana. Sei que não sei andar, nem tão pouco encaixa a minha casca nos teus braços. A minha alma é farpada e gatinho até ao ninho porque não sei saber se diante ti, belo amigo, se os meus olhos por vezes ausentes enterram a minha boca de te dizer cada rotação do meu coração porque não sei saber que se reinvento cada noite contigo. E se ao contar os meus segredos contidos, não sei saber se te mato de tanto amor ou de um simples susto.

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18/100 – Soneto

Dedicado a João Horta, ps: as flores não se comem.. De dia nem existem assobios Rua quieta com gente inexistente Entre uma esquina e avenida sente-se diferente Ligeiramente nitroglicerina, sem boca, sem olhos Seu nome não está escrito em parte alguma O corpo, este, desencaixa-se dos hábitos É um autocolante da cidade dos danificados Talvez pertença aonde o seu regaço não se consuma É turista na terra de ninguém É dama-viagem, Dama-sem-vintém Dama de romance, do poema mas Dama sem miséria Sua vontade de faminta, é outra E se ela cola-se nos teus braços agora É porque também não a mandaste embora.

Suicídio fingido I

A verdade é que o pensamento de fechar os meus olhos para o nunca mais Tornou-se numa doce obsessão Compulsiva É claro que após esses segundo iluminou-se toda a logística. Como fazer para não responsabilizar o corpo morto encontrado na banheira de pulso aberto, Ou sera a boca babada envenenamento de medicação prescrita. Os ruídos de tais pensamentos dão comigo em doida e qualquer tarefa minimalista assemelha-se  as olimpiadas. Existe ainda a crença que naquele fim de dia devia ter partido sem deixar rasto Sem deixar "mas porquê?" e os demais lamentos. MAs a ideia de limpar toda esta dor é tão tentadora como doce. Limpar-me do corpo e da pele. Da idade e da face. Será parvoíce dizer que esta fantasia não anula o facto sem demasia de querer novamente ser parte da multidão e voltar a rir sem demasia nem razão.