Coisas lamechas. Aquele tipo de musica, o marroquino com as flores que cheiram mal, laço rosa choque e a recordação daquele momento. O carinho. O toque que recorda pó de talco. Sei lá…, o que é algo lamechas? Tudo o que queremos, e não desejamos admitir? O amor? O carinho não é um método de dizeres, é algo que se exprime na acção do corpo e uma materialização de um verbo que já não se usa com tanta frequência…, ou então gasta-se demais e depois somos obrigados a remenda-la. Eu acho que é chato usar palavras remendadas.
Sejamos sinceros, toda a gente, independentemente do sexo, idade, estatuto social ou mental tem como objectivo fundamental encontrar a concretização plena da sua deficiência emocional. Não sei que palavra usar: plenitude ou felicidade?
A metade - preencher algo que está vazio.
Por isso todos vão concordar que faça sentido ela estar a espera dele. Está sentada, ali, a escrever fingindo estar completamente absorvida. Por isso, também, faz sentido que de tempos em tempos o seu olho escapa por de cima do caderno a ver se uma silhueta masculina se aproxima. Mas ainda é cedo. Ela chega sempre mais cedo. Faz de propósito, gosta de chegar antes só para poder escrever e transcrever os estádios da ansiedade, de nervosismo miudinho. Não sei se para gravar a expectativa ou se este é um modo de a dominar.
Troce uma madeixa de cabelo e deixa que ele se prende ao longo do seu dedo comprido. Bate com o pé no chão. Ele chega. E ela salta-lhe para os braços. Beijam-se.
Eu por aqui tarei que terminar estes parágrafos pois foram embora. Acho bonito. A minha volta, existem mais idas e despedidas mas este foi sem duvida o mais bonito. O mais lamechas.
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