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fazer mexer


Raramente paro para pensar. Penso constantemente em cada acção executada. Poderei parar de agir mecanicamente, como se tivesse receio que o meu corpo se avariasse mas a esponja craniana está em constante actividade insaciável. Não é que a sua produção seja um resultado de interesse, pois mais de um terço de todo o seu processo químico intelectual é armazenado no esquecimento. Daí, em parte, a necessidade de me distrair com o verbo “fazer”. Fazer coisas. Fazer nada. Fazer tudo e mais alguma coisa. Ou, simplesmente, fazer o contrario de fazer. Mas essencialmente…, sentir-me a mexer.

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